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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Os Mitos que envolvem o decorador



Tudo começou na França, na época dos reis conhecidos como "Luíses", onde a pompa e as circunstâncias exigiam que o Rei - escolhido por direito divino - vivesse de forma totalmente distinta de seus súditos. Os decoradores da época trabalhavam muito para dar conta dos inúmeros pedidos dele e de sua corte, o que não era fácil.

Afinal de contas, que materiais deveriam ser escolhidos para criar ambientes suntuosos, feitos para um ser destacado dos demais? Foram escolhidas as sedas mais exclusivas, os exóticos cascos de tartaruga e o marfim dos elefantes, madeiras trabalhadas com marchetaria, espelhos - feitos com prata, àquela época - pedras e metais preciosos. Os decoradores de então produziram cortinas, estofados, cadeiras, camas, cômodas e o que mais fosse necessário para acomodar, agradar, aconchegar, satisfazer e acima de tudo, salientar que o Rei era o supremo mandatário do estado. E isso trazia uma aura de reconhecimento a estes escolhidos. O trabalho no palácio e a intimidade com a corte e com o Rei, trazia prestígio e uma vida de destaque.




Esse início da profissão, totalmente distante e desvinculado da maior parte da população, e até mesmo do que era funcional e prático, acabou por marcar o decorador como aquele profissional que "inventa" ornamentos, objetos e móveis de alto valor, a serem usados nas casas das classes superiores. Também os deixou com os estigmas de serem exagerados, dispensáveis, fúteis e portanto, inúteis.

O mundo mudou muito de lá para cá, há poucos reinos sobre o planeta, mas vejo que muita coisa ainda permanece como na corte de Versailles. Preferi utilizar o nome original da profissão neste texto, ao invés da nova denominação, designer de interiores, pois é realmente por este título que a grande maioria das pessoas nos reconhecem. Muitos até acham que nosso trabalho ficou ainda mais seletivo pela escolha de um título que tem em sua descrição uma palavra de origem inglesa. Mas a realidade não é essa. Houve muitas discussões tanto no MEC (Ministério da Educação e Cultura), quanto no Ministério do Trabalho, até a definição deste novo título.

O que ocorre é que a expressão mais próxima, "desenhista de interiores", não indica de forma correta todo o trabalho deste profissional, que envolve muito mais que simples desenhos. A palavra Design sim, compreende projeto, conceito e pensamento, para além do simples ato de desenhar, e portanto foi a escolhida para denominar a profissão. Mas se esclareço ao menos de leve a questão da denominação, muito falta para que grandes mitos sobre nosso trabalho e nosso dia a dia sejam esquecidos. E muitas vezes essa aura de "mistério" e glamour é incentivada por alguns profissionais.



Um dos maiores mitos que envolve os profissionais hoje em dia é o de serem perdulários. Ao invés de especificarem o simples e o mais barato, os profissionais sempre especificam o que é mais caro. Isso é parcialmente verdadeiro.

Um profissional de interiores pode indicar o uso de um revestimento de valor mais alto que outro, semelhante, por uma série de fatores: qualidade, condições de fornecimento, garantia, acabamento, e também por ser esteticamente superior a algo parecido. O mesmo se aplica para móveis e objetos.

É claro que deve haver uma explicação ao Cliente sobre os porquês das escolhas, e também deixar claro que se pode optar por algo mais em conta, com consequente perda de qualidade, estética ou garantias. Explicar ao Cliente que a opção por uma peça mais econômica pode acarretar alguma perda ao longo do tempo é o mais indicado.

Isso também é conseqüênca de relações mais transparentes entre profissionais e Clientes. É verdade que nem sempre os profissionais esclarecem pontos importantes de seu trabalho aos Clientes, o que nos deixa a todos com este manto de "gastadores". É preciso lembrar também que, se o Cliente adquire sozinho uma cerâmica mais em conta sabendo que ela não tem grande qualidade, é uma coisa. Mas se um profissional indicar essa mesma cerâmica por limitação orçamentária, e depois de algum tempo ela se tornar insatisfatória, é bem provável que o Cliente culpe o profissional pela má escolha. Há portanto muita responsabilidade envolvida em nossas escolhas e indicações.

Outro mito ligado a valores é o de que cobramos altos honorários e que somos, em geral, ricos.

Longe disso, em pesquisa divulgada recentemente foi revelado que existem cerca de 45 mil profissionais de interiores no Brasil, e que cerca de 40% destes recebem entre 700 e 3 mil reais de renda mensal. Eu não diria que se trata de uma renda sensacional. Diria até que esta renda média é um cálculo aproximado, pois na maioria das vezes, não há trabalho para todos, e portanto recebemos determinado valor por um projeto e ficamos alguns meses vivendo deste mesmo valor, pois não há entrada de novos projetos a desenvolver.

A instabilidade financeira de quem atua no mercado é alta, e quem aparenta ter uma vida estável e com algumas posses normalmente tem uma fonte de renda alternativa. A grande maioria dos profissionais de interiores é mulher, e portanto sobrevive da renda de seus parceiros. Outros tantos têm outro tipo de renda, de outro trabalho, executando projetos eventualmente.

São diversas distorções as quais os Clientes não têm acesso, e portanto só observam a vida dos profissionais sempre presentes em mostras e revistas de decoração. Estes, de fato, estão em outro patamar de vida, muito diferente da maioria.



Os decoradores são "misteriosos".

É verdade. Há profissionais difíceis de serem encontrados e contactados após o fechamento do contrato. Mas isto ocorre em sua maioria com os "destaques" do mercado. Quem tem um escritório cheio de Clientes se municia com vários assistentes e estagiários, e são estes na verdade que cuidam de cada um de seus projetos.

Mas este é um mito que precisa ser desfeito. São raros os profissionais que hoje em dia têm muitos projetos. Se têm, é porque são incensados pela mídia e portanto têm uma demanda acima da média dos demais escritórios. A grande maioria tem poucos projetos por vez e pode dar assistência pessoalmente a seus Clientes. É claro, dentro de um limite de um relacionamento comercial.

O jeito de vestir determina o quão sofisticado seu projeto vai ser.

Esta é uma idéia que me atinge pessoalmente. Uma vez estive com possíveis Clientes que demonstaram alívio ao me ver. Com o cabelo preso, uma única aliança no dedo, calça e blusa comuns, foi ótimo para eles saber que eu era "gente como a gente", não usava bolsa de grife, salto alto ao "estilo Jackie Kennedy".

O mito de que o decorador deve ser excepcionalmente bem vestido é uma coisa antiga, que vem do tempo em que estes faziam parte da alta sociedade da cidade onde atuavam. A mistura entre a apresentação pessoal e o nível do projeto subsequente é uma coisa que vitima muitos, e que é difícil de desfazer.



Uma outra característica que costuma marcar quem se apresenta como profissional de interiores é o de ter um jeito esnobe de ser.

Esnobe, exagerado ou frívolo, são quase lugares-comuns a serem adicionados às características que descrevem um decorador. Alguns pensam que nossa personalidade simplesmente não combina com assuntos sérios, que desconhecemos os problemas sociais e econômicos pelos quais o mundo passa, e que vivemos numa "ilha da fantasia".

Ao contrário, nossa formação muito ligada ao humanismo e principalmente às artes, praticamente determina que tenhamos um olhar muito perspicaz para compreendermos o entorno, a sociedade, o mundo. Saber separar o que é essencial do que é acessório é uma necessidade de um bom profissional de interiores, e isso é também no ato de projetar. Às vezes a base do ambiente pode ser muito simples, enquanto outros itens podem ser mais exclusivos. O contrário também é verdadeiro.

Quem nos vê como fúteis pouco sabe sobre as reflexões envolvidas no desenvolver de um conceito de projeto.

É verdade que muitas destas características são encontradas em alguns profissionais de interiores. Num mercado pequeno, incipiente e extremamente competitivo, alguns querem se destacar justamente por criarem uma aura exótica em torno de si mesmos.

Seu jeito pedante às vezes é sinônimo de sua insegurança na profissão.

Afinal, quem é que pode questionar a escolha de uma cor ou de um tecido a "sua excelência", o decorador que já apareceu em tantas capas de revista? Ao invés de esclarecer suas idéias e escolhas, este tipo de profissional quer mais é que nosso trabalho permaneça restrito a alguns iniciados, como se fosse "coisa de artista".

É verdade que parte de nosso trabalho exige sensibilidade e talento artístico, mas sou de opinião que temos que torná-lo cada vez mais claro e inteligível aos Clientes.

Desfazer estes mitos que nos envolvem é tarefa difícil e de interesse de quem realmente deseja que nos tornemos nosso trabalho mais simples e acessível a um número cada vez maior de pessoas.